"Quem usa brinco, é drogado"

Não me podia ocorrer outra frase que não esta, tendo em conta a situação que vivi há pouco tempo e que me sinto na saudável obrigatoriedade de partilhar.

Passo a explicar...

Uso brinco. Pá, gosto, sinto-me bem e, muito sinceramente, 'tou-me marimbando para o que os outros dizem. Contudo, e apesar de um homem com brinco ser um facto banalíssimo nos dias que correm, há situações que continuam a ser, no mínimo, caricatas.

Numa bela tarde, fui com um colega fotógrafo fazer a cobertura de uma apreensão de uma certa quantidade de haxixe, num determinado posto da GNR. Chegados ao local, cumprimentámos os militares, que nos pediram para aguardar na sala de convívio do posto enquanto preparavam a mesa para podermos recolher imagens. Assim o fizemos. O fotógrafo sentou-se numa cadeira e eu afundei-me no sofá, ao lado de outros três militares que estavam na amena cavaqueira. Nisto, entrou na sala o comandante da Brigada. Cumprimentou os três militares que estavam a meu lado e parou a olhar para mim. Estendi-lhe a mão. Ele estendeu a dele e cumprimentou-me. Ao meu "boa tarde", respondeu com um "isso aí fica-te mal, pá", ao mesmo tempo que, com o dedo indicador direito, me tocou, ao de leve, no brinco que tenho na orelha esquerda. E foi-se embora. Achei aquilo normal. "O tipo está na brincadeira, é um porreiro", pensei.

Pouco depois, os militares que estavam na sala, também abandonaram o local. Fiquei sozinho com o fotógrafo, à espera que nos chamassem. Menos de um minuto depois, o comandante da Brigada voltou a entrar na sala. Meio atrapalhado, chegou-se à minha beira e estendeu-me novamente a mão. "O senhor é jornalista?", perguntou. "Sim", respondi. "Desculpe lá, como estava aqui junto aos militares pensei que fosse um dos detidos", explicou de forma meio natural, meio atrapalhada. "Não faz mal", concluí.

E ri-me...